Segundo cálculos de Mário René, professor de Ciências do Consumo Aplicadas na ESPM e doutor em teologia prática, o segmento de produtos cristãos movimenta estimados R$ 12 bilhões por ano no Brasil e poder ser classificado com um mercado bilionário e crescente, apesar de pouco estudado.
Grande parte desses negócios é destinada principalmente aos evangélicos, que crescem em número e em importância econômica no País. Em paralelo, algumas igrejas evangélicas adquirem espaços milionários na grade de TV aberta brasileira e tomam parte em empreitadas que vão desde a construção de grandes templos até participação em empresas de engenharia e de telecomunicações.
Conheça alguns dos principais negócios do mercado evangélico:
Templo de SalomãoUm terreno de 28 mil metros quadrados – área superior à do Parque Buenos Aires, em São Paulo – vai abrigar o Templo de Salomão, a maior construção da Igreja Universal do Reino de Deus. Trata-se de uma reprodução de um histórico templo israelense, que está em fase inicial de construção na avenida Celso Garcia, no Brás (Zona Leste de São Paulo).
Telecomunicações e mídiaIgrejas e pastores evangélicos detêm dezenas de concessões de emissoras e rádios de TV, além de participação na mídia impressa – um exemplo é a Folha Universal, jornal semanal da Iurd com tiragem declarada de 2,3 milhões de exemplares. Mas o mais proeminente negócio midiático relacionado aos evangélicos é a Rede Record, controlada desde 1989 por Edir Macedo, fundador da Universal.
Embora tanto a igreja como o grupo midiático sejam do mesmo dono, a Record diz que não sofre interferências da igreja, que é considerada apenas “um cliente” pela emissora. As evangélicas também adquirem cerca de 130 horas semanais nas grades de algumas das principais emissoras de TV abertas do País – RedeTV!, Record, Band e Gazeta.
Produtos de consumoA Assembleia de Deus oferece dois tipos de cartão de crédito, o Missionário e o Gold, este último dono de um perfil próprio no Twitter. A Igreja Internacional da Graça de Deus lançou o seu cartão de crédito Igreja da Graça. São exemplos de produtos destinados especialmente para o público evangélico.
A empresa Z3, do interior de São Paulo, se especializou em atender esse público, com livros e jogos infantis com histórias religiosas. “Nossa rede tem crescido, então acredito na expansão desse mercado”, diz Kátia Vieira, funcionária da Z3. “Todos os dias recebemos clientes novos, quase exclusivamente do público evangélico. Estão sempre à procura de coisas novas.
A empresa Z3, do interior de São Paulo, se especializou em atender esse público, com livros e jogos infantis com histórias religiosas. “Nossa rede tem crescido, então acredito na expansão desse mercado”, diz Kátia Vieira, funcionária da Z3. “Todos os dias recebemos clientes novos, quase exclusivamente do público evangélico. Estão sempre à procura de coisas novas.
Rua especializadaUma pequena ladeira no Centro de São Paulo se tornou um ponto de encontro de consumidores e fornecedores de produtos cristãos. A rua Conde de Sarzedas tem dezenas de lojas especializadas, que oferecem de bíblias e CDs a jogos infantis, óleos de unção, produtos com frases que remetem a Deus e pacotes de viagem.
Feiras setoriaisO empresário Eduardo Berzin Filho trabalha há 15 anos para o público evangélico, com a produção de revistas, sites e programas de TV. Há dez anos, lançou a ExpoCristã, que levou, segundo ele, 160 mil visitantes em 2010 ao centro de eventos do Anhembi, em São Paulo. O evento reuniu atrações da música gospel, exposição de arte cristã e a venda de livros, produtos especializados e mobiliário para templos. A edição de 2011 da ExpoCristã está marcada para setembro.
Mercados fonográfico e editorialHá poucos dados disponíveis sobre os segmentos de livros evangélicos e de música gospel, mas há indícios de crescimento e alta no consumo. A Câmara Brasileira do Livro (CBL) diz que a produção de livros religiosos cresceu 39,2% em 2010 em comparação com número anterior, dado que inclui livros católicos – o crescimento, inclusive, foi puxado por um livro do padre Marcelo Rossi.
A CBL não tem dados específicos sobre o mercado editorial evangélico, mas percebe crescimento. “Nossa percepção é de que o público evangélico tem grande participação, e é crescente”, diz à BBC Karine Pansa, presidente da Câmara. “Isso se dá pela cultura de ter uma bíblia para cada pessoa, de ter bíblias específicas, e pela vontade que esse público tem de aprender.”
Serviços de apoioPara amparar a construção de templos e sua gestão, foram criadas empresas e entidades que prestam serviços especializados. Algumas têm elos com as próprias igrejas – caso do Engiurd, o Departamento de Engenharia da Igreja Universal do Reino de Deus, criado para “otimizar recursos em nossos processos de construção, reforma e manutenção de templos”, segundo o site da empresa.
Outras entidades prestam serviços para diferentes congregações. É o caso da Sepal (Servindo aos Pastores e Líderes), que ensina técnicas de liderança e gestão de negócios para pastores e líderes religiosos e comunitários, além de realizar pesquisas para identificar regiões “com necessidades missionárias e sociais” que podem ser atendidas por congregações.
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