Prodígio. Fantástico. Extraordinário. Espetacular. Mágico. Rei. Os jornais do Brasil e do Exterior
não economizaram adjetivos para expressar o talento do paulista de Mogi das Cruzes Neymar da
Silva Santos Júnior, que na quarta-feira 22 entrou para a galeria dos heróis do esporte brasileiro
ao conquistar pelo Santos a Taça Libertadores da América, o torneio de clubes mais importante
do continente americano.
Aos 19 anos, Neymar repetiu, quatro décadas depois, o feito de Pelé, que venceu a competição contra o
mesmo Peñarol, tradicional time do Uruguai. Assim como o maior jogador da história do futebol, Neymar foi
o protagonista do espetáculo (ele fez o primeiro gol da vitória santista por 2 a 1) e confirmou a irresistível
vocação para os holofotes. Mas a força de Neymar não se limita aos gramados. Além de um atacante
excepcional e com potencial para se tornar o novo número 1 do planeta, ele é um astro pop por natureza.
Estiloso no penteado e no figurino, farto em sorrisos, desinibido diante das câmeras, conquistador
de mulheres, apaixonado por Porsches, Ferraris e mansões, habilidoso para fazer dinheiro, ágil nos negócios,
Neymar é dotado daquela chama que diferencia os seres normais dos gigantes de verdade. Trata-se de uma
celebridade por completo – papel que, com maestria, adora cultivar.
Neymar é um fenômeno desde cedo. Aos 14 anos, foi fazer uma espécie de estágio no galático time do
Real Madrid, na capital espanhola, que tinha no elenco craques como Ronaldo e Robinho e o francês Zidane.
Na quarta-feira 22, no mesmo dia da final da Libertadores, a reportagem de ISTOÉ fez uma entrevista
exclusiva com Neymar horas antes do início da partida, passou a manhã com o pai e mentor do craque
e teve acesso ao seu quarto na blindada concentração do Santos – algo raríssimo em tempos de
máxima proteção aos jogadores. “Tenho só 19 anos e ainda muito o que aprender”, disse o craque
na ocasião. Seu estilo de vida não é nada discreto. A começar pelo cabelo cortado ao estilo moicano
que lembra os punks dos anos 1980. Neymar usa o penteado desde os 15 anos. Hoje, as madeixas
recebem tintura loira, alisamento progressivo e gel fixador. “Ele ficou menos feio depois que eu
passei a fazer moicano nele”, brinca Cosme Salles, 25 anos, o cabeleireiro oficial do craque que é
requisitado pelo menos uma vez por semana. No Geométricos Cabeleireiros, um modesto salão
com adesivos colados no espelho, colegas de Salles se referem a Neymar como “avatar”, apelido
que pegou. “Eu não entendo: ele gasta mó nota no cabelo e continua feio? Parece uma cacatua”,
diverte-se um dos funcionários do salão, que confidencia que o jogador sente ciúme da irmã Rafaela
, hoje com 15 anos. “Ela é mó gatinha, bonita mesmo. A gente tira uma onda com isso e o Juninho fica
no veneno.” Juninho é outro apelido de Neymar, usado apenas por familiares e amigos íntimos.
Os colegas cometem algumas inconfidências: o craque do Santos, garantem eles, depila as pernas,
faz as unhas da mão e do pé e gosta sempre de “perfume exalando”. No quarto de número 22 do Centro
de Treinamento Rei Pelé, em Santos, que Neymar divide com o parceiro de time Paulo Henrique
Ganso, perfumes espalhados pela cômoda dividem espaço com chocolates, cartas de fãs e um urso
de pelúcia. Tênis bom, roupas do momento e relógios – ele tem uma coleção – também são artigos
inseparáveis. “No futuro, ele vai colecionar mulheres”, conta um funcionário santista. “A quantidade que
ele atrai, muitas delas mais velhas, é impressionante. Outro dia, ele disse que elas gostam de beliscar
a bunda dele.” A fama de garoto prodígio o colocou no foco feminino. Na época em que estudava no colég
io Lupe Picasso, que frequentou até o segundo ano do ensino médio, Neymar já foi flagrado beijando
garotas perto de um dos canais que demarcam a praia de Santos. Quando passou a ter carteira de
motorista e a dirigir carros de luxo, seu esquema passou a ser outro. “Ele pegava uma menina num
prédio, saía com ela e dali a pouco a trazia de volta”, diz um amigo próximo. “Minutos depois, ele
encontrava uma outra garota duas esquinas à frente.”