A exemplo da entrevista com outros candidatos, William
Bonner tentou criar uma linha polêmica e mostrar uma contradição entre o uso do
avião e a postura da candidata do PSB. Mas Marina Silva mostrou-se firme e
deixou muito claro sua posição em relação ao uso da aeronave.
“Nós tínhamos, William, uma informação de que era um
empréstimo, que seria feito um ressarcimento, num prazo legal, que pode ser
feito, segundo a própria Justiça Eleitoral, até o encerramento da campanha”,
disse Marina.
William Bonner lembrou que quando os políticos são confrontados
ou cobrados por alguma irregularidade costumam dizer que não sabiam, e
questionou se ao usar o mesmo discurso a candidata não estaria tendo o mesmo
comportamento destes políticos, que ela afirma ser da velha política.
“Este é um discurso muito, muito comum aqui no Brasil. E é o
discurso que a senhora está usando neste momento. Eu lhe pergunto: em que esse
seu comportamento difere do comportamento que a senhora combate tanto da tal
velha política?”, questionou Bonner.
Marina respondeu o questionamento afirmando que utiliza o
discurso para todas as situações, inclusive quando envolve algum adversário, e
que deseja que as investigações aconteçam, pois tem um compromisso com a
verdade.
Ao ser questionada sobre uma suposta falta de rigor em
relação à compra irregular da aeronave por parte dos empresários que fizeram o
empréstimo ao partido, Marina afirmou que não usa de “dois pesos e duas
medidas” e que o mesmo rigor que exige por parte dos adversários exigirá nas
investigações envolvendo o avião.
Marina também foi questionada sobre a sua baixa popularidade
no Acre, seu estado de origem, durante a corrida presidencial de 2010. Marina
afirmou que contrariou muitos interesses naquele estado e citou um provérbio
como argumento.
“Há um provérbio que diz: ‘é muito difícil ser profeta em
sua própria terra’, pois temos que confrontar os interesses. Contrariei muitos
interesses no Acre ao lado de Chico Mendes, índios e seringueiros”, disse a
candidata.
A apresentadora Patrícia Poeta insistiu na pergunta e lembrou
que o berço político dos candidatos é geralmente onde eles conseguem uma certa
vantagem. “Isso pode ser uma enorme vantagem para um candidato ou não. No seu
caso não foi. Não seria como se os acreanos estivessem dizendo uma variação
daquele velho ditado: ‘Quem não a conhece que vote na senhora’?”, questionou
Patrícia.
Em resposta a pergunta a candidata afirmou que Patrícia
Poeta a conhecia direito e que foi eleita senadora sem ser filha de nenhum
político tradicional ou empresário e que não contou com ajuda em TV ou rádio
para fazer sua campanha.
“Eu não sou filha de político tradicional, não sou filha de
nenhum empresário, porque, no meu estado, até a minha eleição, para ser senador
da República, era preciso ser filho de ex-governador, era preciso ser filho de
alguém que tivesse, de preferência, um jornal, uma TV e uma rádio para falar
bem de si mesmo e falar mal daqueles que ficavam defendendo a Justiça”, disse.
Patrícia então questionou se a candidata estaria culpando
seus conterrâneos pela baixa popularidade no estado. Marina disse: “Não é culpa
dos acreanos, é culpa das circunstâncias”.
Em sequência disse: “Cheguei a ficar quatro anos sem andar no meu
estado. Eu não podia trocar o futuro das futuras gerações pelas próximas
eleições. Preferi pagar o preço de perder os votos”.
William Bonner questionou a candidata sobre a chapa,
afirmando que o vice, Beto Albuquerque, discorda dela em relação às pesquisas
com células tronco e os transgênicos. Marina foi enfática ao afirmar que apesar
das diferenças, existe convergências entre os dois e que mesmo com as
diferenças em algumas opiniões, ela saberia trabalhar com elas.
“Nós somos diferentes, mas a nova política sabe trabalhar na
diversidade. Há uma lenda de que eu sou contra os transgênicos, mas eu defendia
a coexistência: áreas com transgênicos e áreas livres de transgênicos.
Infelizmente, no Congresso, não passou a proposta de coexistência e o Beto
votou na que avançou”, disse Marina.
Por fim, Marina apresentou suas propostas de campanha e
afirmou que a política precisa ser renovada e prometeu que se for eleita não
vai se preocupar em buscar uma nova eleição, mas fará as mudanças necessárias
para melhorar o país.
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