Mairi Gospel
quarta-feira, 13 de abril de 2011
Uma Luz na Caverna
Eles estão vindo como amigos, amigos secretos — mas amigos de qualquer jeito. “Você pode deitá-lo agora, soldado. Eu vou cuidar dele.”
O sol da tarde está alto enquanto eles ficam de pé, em silêncio, no monte. Tudo parece mais quieto do que antes. A maior parte da multidão foi embora. Os dois ladrões ofegam e gemem, pendurados ali, prestes a morrer. Um soldado encosta uma escada na árvore do centro, sobe nela e remove a estaca que prende a viga de apoio da cruz. Dois dos soldados, contentes ao ver o fim do dia de trabalho, ajudam na tarefa pesada de colocar a cruz de cipreste e o corpo no chão.
“Cuidado agora”, diz José.
Os pregos de 12 cm são retirados da madeira dura, libertando as mãos frouxas. O corpo que revestia o Salvador é levantado e colocado sobre uma rocha grande.
“Ele é todo seu”, diz a sentinela. A cruz é posta de lado, para ser levada em seguida ao depósito até a próxima requisição.
Os dois não estão acostumados a este tipo de trabalho. Mas suas mãos se movem rapidamente, cumprindo a tarefa.
José de Arimatéia se ajoelha por trás da cabeça de Jesus e enxuga com ternura a face ferida. Com um pano macio e molhado ele limpa o sangue que escorreu no jardim, devido aos açoites e à coroa de espinhos. Feito isto, ele fecha os olhos bem fechados.
Nicodemos desenrola os lençóis de linho levados e os coloca na rocha ao lado do corpo. Os dois líderes judeus levantam o cadáver sem vida de Jesus e o põem sobre os lençóis. Partes do corpo são agora ungidas com especiarias perfumadas. Ao tocar as faces do Mestre com aloés, Nicodemos não consegue conter a emoção. Suas lágrimas caem sobre o rosto do Rei crucificado. Ele faz uma pausa para enxugar outra. O judeu de meia-idade olha tristemente para o jovem Galileu.
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